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Bernardino Luís Machado Guimarães nasceu no Brasil, no Rio de Janeiro, a 28 de março de 1851 e faleceu no Porto, no dia 29 de abril de 1944.
Foi presidente da República Portuguesa duas vezes: primeiro, de 6 de Agosto de 1915 até 5 de Dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e o destitui, obrigando-o a abandonar o país; mais tarde, em 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de Maio de 1926, que instituirá a Ditadura Militar e abrirá caminho à instauração do Estado Novo.
Era filho de pai português, António Luís Machado Guimarães, a quem viria a ser concedido o título de 1.º Barão de Joane em 1870, e de mãe brasileira, Praxedes de Sousa Ribeiro Guimarães. Casou-se no Porto, a 19 de Janeiro de 1882 com Elzira Dantas Gonçalves Pereira, com quem teve 19 filhos e filhas.
Viveu os seus primeiros 8 anos no Brasil, para, em 1860, a família regressar a Portugal, fixando-se primeiro em Joane e depois em Vila Nova de Famalicão. Terminou o ensino secundário no Porto, e na Universidade de Coimbra, concluiu o curso de Matemática e Filosofia.
Em 1877 foi nomeado professor da Faculdade de Filosofia, obtendo o doutoramento com a tese Dedução das Leis dos Pequenos Movimentos da Força Elástica, dois anos mais tarde é nomeado lente catedrático de Filosofia, lecionando a cadeira de Antropologia. Nesse mesmo ano licenciou-se em Agricultura Geral Zootécnica e Economia Rural.
Durante a crise académica de 1907, junta-se aos estudantes e, por isso, é obrigado a pedir a demissão do cargo de lente da Universidade de Coimbra.
Bernardino Machado inicia-se na política bastante novo, pela mão do líder do Partido Regenerador, Fontes Pereira de Melo. É eleito deputado pela primeira vez, pelos regeneradores, pelo círculo eleitoral de Lamego, e reeleito pelo círculo de Coimbra.
Em 1890 é eleito Par do Reino pelos estabelecimentos científicos, lugar que ocupa até 1895, dedicando uma especial atenção ao ensino.
Integra o primeiro ministério de Hintze Ribeiro como ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, apresentando a sua demissão em Dezembro desse mesmo ano.
De 1892 a 1944 foi Presidente do Conselho da Ordem do Grande Oriente Lusitano.
Descrente dos valores monárquicos, adere ao Partido Republicano Português e em 1903, a partir de então contribui para a remodelação e organização do partido enquanto força política, intervindo ativamente em numerosos comícios. De 1904 a 1906 é candidato a deputado nas listas republicanas, pelo círculo eleitoral de Lisboa, todavia não é eleito.
É eleito membro do Diretório do Partido e seu Presidente, cargo que ocupa até 1909, acabando por ser um dos cinco deputados eleitos por Lisboa.
Com o advento da República, Bernardino Machado foi o escolhido para a pasta dos Negócios Estrangeiros no Governo Provisório da República Portuguesa, cargo que desempenhou até à tomada de posse do primeiro governo constitucional republicano em 1911. Assume, ainda, a pasta da Justiça, em virtude de doença de Afonso Costa, titular da pasta.
Foi eleito à Assembleia Nacional Constituinte, para lavrar a Constituição Política da República Portuguesa. Em seguida candidata-se à Presidência da República nas primeiras eleições presidenciais, que perde para Manuel de Arriaga.
É nomeado ministro de Portugal no Rio de Janeiro, sendo Bernardino Machado o primeiro embaixador português naquele país.
Quando regressa a Portugal, em 1914, vive-se no país uma crise ministerial com a demissão de Afonso Costa do cargo de chefe do governo e Bernardino Machado é chamado a constituir um ministério extrapartidário, a fim de apaziguar os exaltados ânimos políticos. Bernardino Machado acaba por pedir a exoneração do cargo, mas é novamente chamado a formar o 7.º governo republicano.
A Primeira Guerra Mundial rebenta enquanto Bernardino Machado está na chefia do governo, que fica com a difícil tarefa de definir a posição de Portugal no conflito.
Com a exoneração do governo, Bernardino Machado regressa ao seu lugar no Senado. Em 1915, o general Pimenta de Castro forma um governo ditatorial apoiado por partidos militares conservadores e Bernardino Machado toma uma posição frontal contra o governo.
Depois de entregar os poderes presidenciais manteve-se em Portugal até 1927, sendo então novamente exilado primeiro na Galiza e posteriormente em França, continuando a lutar contra o regime vigente em Portugal.
Foi autorizado a regressar em Junho de 1940, quando as forças nazis invadem a França. Proibido de residir em Lisboa, fixou residência no Alto Douro onde veio a falecer, em 28 de Abril de 1944.
A sua obra literária é vasta e reconstitui o percurso das diversas atividades a que o autor se dedicou.